Uma vez que a tolerância ao tédio é bastante limitada, acaba por não deixar muito espaço livre àquele tédio profundo propiciador do processo criativo. É precisamente este tédio profundo que W. Benjamin descreve como “a ave do sonho que choca o ovo da experiência”. (…) Já ninguém “fia nem tece”. O tédio é “um véu cálido e cinzento, forrado com a seda mais garrida e fulgurante”, no qual “nos envolvemos quando sonhamos”. É nos “arabescos desse forro que nos sentimos em casa”. Ao desaparecer a descontração, perde-se o “dom da escuta” e desaparece a “comunidade capaz de escutar”. O “dom da escuta” assenta precisamente na capacidade de prestar uma atenção profunda e contemplativa, capacidade vedada ao ego hiperativo dos nossos dias. ‘01.16 ‘08.26
Luis says
Ah, l’ennui..