Xana Sousa . Artista Plástica

O azul floresce na sombra

Appleton - Box

Pela folhagem
No jardim de um velho templo,
A luz do sol encontra o seu caminho.
Meio-dia.
Na pedra, uma ondulação de luz;
Sorri o antigo rosto dos céus
E, do abismo do ser,
Irrompe a luz de lágrimas — serena.
Agora sou um ser sensível.

― Hôgen Daidô

Uma meditação silenciosa, um demorar no silêncio. A extrema importância das pausas. O trabalho começa aqui, no poema Um Penetrar de Luz de Primavera de Hôgen Daidô.

No budismo zen o tempo é constituído por um despertar para o quotidiano, um aprofundar da imanência. Onde o templo é o lugar da profunda atenção, e segundo Malebranche, a atenção é a oração natural da alma. A repetição permite que a atenção se estabilize e se aprofunde, é característica essencial dos rituais que podem ser definidos como actos simbólicos. O Símbolo tem origem no signo, permite fazer o reconhecimento, — é uma forma particular da repetição — conhecer algo como aquilo que já se conhece. A percepção simbólica compreende o duradouro, é a instalação de um lugar, como refere Byung-Chul Han, “estar-em-casa-no-mundo”. Os rituais tornam o tempo habitável, são no tempo o que a morada é no espaço.

(...)

O azul floresce na sombra é um lugar de profunda atenção, um demorar no silêncio, um não-dizer, até que se torne presente a imagem do invisível.

― Cláudia Ramos, O azul floresce na sombra, 2020

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Exposição Teresa Carepo e Xana Sousa - Curadoria Cláudia Ramos - Parceria Casinfância
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